Na última terça (23/05) a Organização Internacional da Saúde Animal (OIE) confirmou em Paris, durante a 80ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados, por unanimidade, o avanço brasileiro e elevou o status do país para Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como Mal da Vaca Louca, de risco controlado para insignificante.
?Conquistamos um avanço muito importante e que trará inúmeros benefícios para a cadeia produtiva da carne e para a sociedade brasileira. Agora, o desafio será manter essa classificação e avançar em relação a outras doenças, o que dependerá do incremento e fortalecimento do serviço veterinário oficial?, destaca o diretor do Departamento de Sanidade Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Guilherme Marques.
O pedido do Brasil ? encaminhado no dia 28 de outubro de 2011 ? foi avaliado pelo grupo ad hoc EEB da entidade, que recomendou o reconhecimento do país como tendo risco insignificante da doença em conformidade com o Código Sanitário dos Animais Terrestres. O parecer favorável também foi indicado pela Comissão Científica para Enfermidades dos Animais, mas ainda dependia de um período de 60 dias de consulta perante os 178 países-membros da OIE. Nesse prazo, nenhum delegado da entidade solicitou informações complementares ou fez questionamentos à entidade, o que demonstrou a consistência do relatório de rastreabilidade entregue pelo governo brasileiro.
A Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) comemora o resultado obtido pelo Governo Brasileiro, ressaltando, também, o intenso trabalho do técnico do MAPA, Bernardo Todeschini (cujos esforços para a realização da inédita e 1ª ExpoBraford do Mercosul em 2009, levaram a ABHB a agraciá-lo com o título de sócio honorário da entidade em 2009), que deixou a chefia do Serviço de Saúde Animal da Superintendência Federal do Rio Grande do Sul do MAPA, em janeiro de 2011, para representar o Brasil junto às Comissões Regional e Científica da OIE e muito colaborou para essa conquista brasileira.
?Estávamos acompanhando os trabalhos desde 2011, pois esse status diferenciado, provocado pela não localização de bovinos importados de países do norte com a doença há muitos anos atrás, em muito estava atrapalhando as negociações para exportações de reprodutores e matrizes Hereford e Braford brasileiros para países do Mercosul?, comenta Fernando Lopa, presidente da ABHB. ?Desde do início de 2012, aguardávamos essa reunião, e, agora, os animais adquiridos por criadores do Paraguai, no histórico Leilão Pitangueira, no último dia 20, poderão ser levados ao Paraguai sem problemas?, conclui o dirigente.
Com a mudança, o Brasil passará a fazer parte de um grupo restrito de 19 países dentre todos os integrantes da OIE (178), aumentando as possibilidade de exportação de bovinos vivos para países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai. “A classificação como de risco desprezível coloca o Brasil no mesmo patamar de grandes concorrentes como a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia”, segundo Marques. A expectativa do governo é de que a mudança contribua para o Brasil aumentar em 20% a receita das exportações (do complexo carnes) em 2012, alcançando US$ 6,4 bilhões.
O Brasil nunca registrou casos de Vaca Louca, pois, além de ter a maior parte do seu rebanho criado à pasto, aplica ainda medidas recomendadas internacionalmente de vigilância e de mitigação de risco, onde se ressalta a coleta de aproximadamente 23 mil amostras para o teste da Vaca Louca ao longo de 2004 a 2010 ? intervalo mínimo solicitado pela OIE. Nos últimos sete anos também não houve nenhuma importação de bovinos vivos ou de farinha de ruminantes de países considerados de risco para a doença.