Boa liqüidez marca pregões gaúchos em momento favorável para o mercado de gado magro no Estado
Renato Villela*
A arroba do boi gordo no estado, cotada em R$ 55, maior valor do País, puxa os valores do gado magro. “Nos últimos 60 dias nós tivemos acréscimo em torno de 15% a 20% em todo o gado de reposição”, atesta Homero Tarragô, diretor da Agenda Remates, escritório situado em Alegrete, sudoeste do Rio Grande do Sul.
O mercado do boi gordo no Estado, que tende a se manter firme com as recentes reaberturas da compra de carne por parte da Rússia e do Chile, no entanto, não é o único fator que explica o cenário favorável da reposição nos pampas gaúchos.
A seca que assolou a região nos últimos anos fez cair os índices de natalidade que, somados ao intenso abate de matrizes – dados do IBGE mostram que no primeiro trimestre de 2006 o abate de fêmeas cresceu 20,23% em relação ao último trimestre de 2005 – e à perda de áreas para agricultura, enxugaram a oferta de animais de reposição.
“Antes nós tínhamos dificuldade para vender os animais. Agora a dificuldade é para conseguir oferta”, conta Tarragô. Além dessa conjuntura interna, há fatores além das fronteiras que colaboram para manter os preços em bons patamares.
A venda animais para o Líbano, que deixou o mercado mais enxuto, está a todo vapor. Durante todo o ano passado foram embarcados 41.228 animais para o Oriente Médio, segundo dados da SFA/RS (Superintendência Federal de Agricultura do Rio Grande do Sul).
Este ano, até julho, foram vendidos 78.000 animais. “A contribuição dessas vendas é muita clara no mercado de reposição. Havia um ano nós vendíamos os terneiros a R$ 1,50 o quilo vivo. Nesse último embarque os preços chegaram a R$ 2″, conta Rodrigo Crespo, sócio-proprietário da Casarão Remates, empresa leiloeira com sede em Pelotas.
Com a concorrência externa, os criadores gaúchos vêem valorizados também os animais que vão para os tattersais. ” Os preços pagos pelos importadores ajudam a alavancar os valores no mercado interno”, diz Crespo.
Os números mostram a boa fase da reposição gaúcha. Segundo o Índice DBO Gado Geral, a cotação dos terneiros saltou 32,5% nos seis primeiros meses de 2006, quando comparado ao mesmo período de 2005, passando de R$ 249 para R$ 330.
O boi magro também se valorizou, fechando o primeiro semestre cotado a R$ 500, valor 3,09% superior ao apurado ano passado. Os preços da vaca de invernar também reagiram.
A categoria, aliás, é a mais procurada pelos invernistas no mercado, que aproveitam as pastagens de inverno – aveia e azevém – semeadas em março e abril, para engordar os animais. “Muitos agricultores arrendam suas áreas para os pecuaristas que engordam as vacas nesta época do ano”, conta Tarragô.
* O zootecnista Renato Villela acompanha o mercado pecuário para o Portal DBO. Às quartas, comenta os negócios na reposição no DBO na TV. O programa é transmitido diariamente, de segunda a sexta, às 20h, no Canal Terraviva.