A noite fria de ontem (18) não espantou o público que compareceu ao restaurante do Parque de Exposições Dr. Lauro Dornelles para acompanhar a realização do II Painel de Debates do Sicredi, promovido pelo Sicredi Pampa Gaúcho, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford, durante a Exposição Nacional HB 2016. Cerca de 200 pessoas prestigiaram as grandes personagens da noite: o piloto e comentarista esportivo Luciano Burti e o consultor Alcides Torres, da Scot Consultoria.
Burti dividiu sua experiência de vida ao trazer a palestra “Grandes Prêmios”, com a qual pautou temas que fazem parte do cotidiano das pessoas, sem deixar de fazer um link de sua carreira ao mundo corporativo. Campeão Inglês de Fórmula Vauxhall, Vice Campeão Inglês de Fórmula 3, Burti tinha tudo para fazer uma carreira brilhante na Fórmula 1. Mas uma batida a 250 km/h no Grande Prêmio da Bélgica, em 2001, mudou os planos de uma carreira que vinha sendo construída com muita determinação e vitórias.
Sentenciado pelo neurologista inglês J.W. Sander, Luciano foi aconselhado aos 26 anos a pendurar o capacete e o macacão. O diagnóstico não poderia ser mais cruel: “uma concussão cerebral apontava que eu nunca mais deveria dirigir nenhum tipo automóvel. Foi um momento de crise tanto pessoal, quanto profissional”. Burti conseguiu superar os imprevistos, provando para si mesmo que poderia voltar a correr, quando foi convidado a ser piloto de testes da Fórmula 1. “Foi a grande relargada da minha vida”.
Um pouco mais cedo, Burti percorreu o Parque de Exposições Dr. Lauro Dornelles e aproveitou para conhecer os animais que estavam no galpão. “Eles são muito mais bonitos do que eu imaginava”, admitiu o comentarista esportivo, piloto da Stock Car desde 2005.
A segunda palestra da noite foi técnica e direcionada aos criadores da raça. O fundador da empresa Scot Consultoria, que atua junto aos seus clientes nas áreas de produção agrícola, administração da propriedade e de apoio ao negócio, engenheiro agrônomo Alcides Torres traçou o panorama da atual situação da pecuária nacional.
Conforme ele, neste cenário de demanda fraca, puxando o mercado para baixo, e com indústrias precisando melhorar as margens, é preciso dar mais atenção aos períodos sazonais de queda de preços, que podem ser potencializados. “A oferta ditará os rumos dos preços em 2016 e a demanda limitará as altas”.
Embora toda a crise instaurada no País e os consequentes desafios quanto à demanda interna, há boas perspectivas, como a reabertura dos mercados externos em 2015. O faturamento da exportação brasileira de carne bovina, em milhões de toneladas, entre janeiro e abril de 2016, movimentou R$ 6,7 bilhões, contra R$ 5,2 em 2015, obtendo um crescimento de 30,8%. “China, Egito, Hong Kong, Chile, Rússia e Irã estão entre os grandes compradores”.
Mas o cenário não está favorável apenas externamente, na opinião do consultor. “O brasileiro ainda está consumindo carne, dos cortes nobres aos menos glamorosos. E nós temos o maior rebanho comercial do mundo, mas a carne precisa ser um produto popular para que possamos aumentar as exportações”, sinalizou.
Neste quesito, alertou: “não esqueçam que enquanto alguns comem filé mignon, outros têm mudado os seus hábitos e passando a optar por cortes variados. E neste caso, lembrem que salsicha também é feita de carne”.
Outro ponto positivo pautado por ele são as iniciativas envolvendo a diferenciação da carne bovina, que vêm garantindo espaço. “As raças europeias e cruzamentos têm desempenhado papel de destaque neste contexto. e a pecuária gaúcha tem uma grande oportunidade, tanto na área de produção, quanto no fornecimento de genética”, finalizou.
Por Tatiana Feldens, reg. Prof. 13.654
Ascom ABHB