Criadora de Braford, a cantora e apresentadora Shana Müller não vacila: “a carne é ótima, tem mercado”

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Shana Müller durante remate em São Gabriel com equipe da ABHB

Jornalista, cantora da música regional, apresentadora de festivais nativistas e do programa Galpão Crioulo, da RBS TV, Shana Goulart Müller assume agora mais uma empreitada: criar gado. Mas não qualquer gado. Ela e sua família criam Braford em Julio de Castilhos e Caçapava do Sul e já se preparam para colher bons frutos. Inauguram, agora em dezembro, uma loja conceito no Rio de Janeiro, a “Pulperia Porteña”- Carnes de Origem. O objetivo? Vender carnes nobres, cortes especiais, todos oriundos do Rio Grande do Sul, entre eles, é claro, a Carne Braford Certificada. “A carne é ótima, tem mercado”, afirma Shana.

Cantora de sucesso, ela iniciou sua carreira musical no tradicionalismo gaúcho aos 8 anos de idade. Seus primeiros passos na música foram dados a partir da gravação de “Vitória-régia“, com o cantor Wilson Paim, música de grande repercussão e que fez com que Shana se firmasse de maneira destacada no meio artístico cultural do estado chegando, inclusive, a interpretar a canção El Alma Vuela, trilha da novela Sete Vidas. O que dizer desta gaúcha, linda e sempre sorridente, que mostra no palco o que hoje o público das rádios e dos festivais mais admira? Para a esmagadora maioria, Shana Müller preenche com maestria o espaço feminino ao trazer em sua voz a garra da mulher gaúcha, cantando o campo, a história e a lida do gaúcho.

Confira entrevista completa

Tens uma ligação muito forte com o campo e a cultura tradicionalista. De que forma elas estão inseridas no teu dia-a-dia?

Minha ligação com a cultura e o campo vem de minha vivência ainda criança no Alegrete. Minha família sempre gostou do campo, mas meu pai dedicou a vida ao trabalho como bancário. Em Alegrete a paixão pelas coisas do Rio Grande acabou criando em todos nós o desejo de nos aproximarmos ainda mais do campo e do seu dia-a-dia. Com o passar dos anos, meu pai acabou por realizar esse sonho e hoje ele e minha mãe vivem na São Francisco do Pinhal, em Val de Serra, município de Julio de Castilhos. Confesso que minha relação acaba sendo pouca, em virtude da agenda e dos compromissos artísticos. Sempre que posso vou até lá, ou mesmo me “exilo” um pouco na Santa Barbinha, outra propriedade que temos em Caçapava do Sul, onde nem mesmo o sinal do celular atrapalha. Vivo, sim, diariamente essa relação com a cultura, que de fato está intimamente ligada ao campo e ao que ele representa, assim como os homens e mulheres que nele trabalham, no imaginário da arte regional e no sentido de sermos gaúchos.

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Vens de uma família que cria animais, dentre eles os exemplares da raça Braford, em expansão não só no RS, como no Brasil Central. Por que decidiram criar esta raça? Onde está localizada a fazenda?

Trabalhamos com gado já há bastante tempo e há pouco com a raça Braford. Acredito que os motivos estão relacionados a essa expansão da raça no país inteiro: resultado. A carne é ótima, tem mercado e, além disso, a rusticidade e adaptabilidade do Braford garante melhores resultados e mais rápidos. Temos duas propriedades: uma em Julio de Castilhos e outra em Caçapava do Sul.

A família está com planos de abrir uma loja de carnes no Rio de Janeiro. Há data para isto ocorrer? Qual será o conceito do espaço? Será exclusivo da raça Braford?

Meus irmãos, Diego e Pablo, moram há algum tempo por lá e como bons gaúchos, perceberam a dificuldade de encontrar bons corte para o churrasco. Pesquisaram o mercado e agora no início de dezembro estarão inaugurando, ao lado do amigo e ex-jogador de futebol, Yan Razera, a “Pulperia Porteña”- Carnes de Origem, no bairro do Recreio, no Rio de Janeiro. O conceito é vender carnes nobres, cortes especiais, todos oriundos do Rio Grande Do Sul, entre eles Braford e algumas outras raças.

Falando um pouco sobre a tua carreira. Tens muita generosidade, carisma e desenvoltura de palco, rádio, show, apresentação, TV… Tu te consideras uma comunicadora completa?

Olha… Tenho um pouco de dificuldade em fazer essas afirmativas sobre meu trabalho. Acredito que me preparei (até sem querer) para estar onde estou. A vida naturalmente me conduziu por uma estrada que me deu a alegria de poder fazer o que gosto. Desde criança sempre fui muito comunicativa. É da minha natureza. E claro, desenvolvi na faculdade, nos cursos, nos palcos, nos canais onde trabalhei. Acho que afirmar que sou completa seria presumir que não há mais a aprender. E sempre, sempre há!

Shana4És destaque não só pela beleza, mas pelo profissionalismo e desenvoltura que tens ao apresentar o Galpão Crioulo. Também figuras como referência quando o assunto é moda feminina. Recentemente apareceu como interprete da canção El Alma Vuela, trilha da novela Sete Vidas. Como surgiu este convite?

Primeiro, obrigada pelos elogios! Conheci o Jayme Monjardim nas filmagens de “O Tempo e o Vento”, aqui no RS. Acabei prestando, junto a outros músicos do sul, uma consultoria sobre o repertório folclórico para algumas cenas do filme, das quais inclusive participei. Entre um churrasco e outro, uma conversa e outra, acabei cantando para ele em espanhol e ele gostou muito. Pediu que gravasse algumas canções e o fiz. Encomendei ao Érlon Péricles uma composição e veio “El alma Vuela”. Quando veio a novela Sete Vidas, com cenas e personagens (atores) argentinos a música acabou encaixando perfeitamente. Foi emocionante. Um passo e uma porta importantes que se abrem. Toda a conquista tem um sabor especial. Posso afirmar que essa foi a mais especial deste ano que já vem chegando ao fim.

O que podemos esperar da Shana para 2016? Vem novidade boa por aí?

Em 2015 realizei um financiamento coletivo na internet para captação de recursos para gravar meu primeiro DVD. Um desafio: contar com a colaboração antecipada das pessoas, fãs, empresas para serem parceiros na realização do projeto. E conseguimos. Agora estamos gravando no mês de novembro e esse sem dúvida é o grande projeto de 2016. A finalização do DVD, colocar no mercado e fazer a turnê de lançamento. Estou ansiosa e feliz. Cheia de gente competente trabalhando a meu lado, minha banda, a produção musical do Duca Leindecker, que aceitou o desafio de produzir música regional; a direção do Renê Goya e a equipe da Estação Elétrica, além de participações muito especiais. E o DVD, inclusive, será gravado na São Francisco do Pinhal e na Quarta Colônia, mostrando nossas belezas naturais, minha relação com o campo, contando um pouco da historias da pretinha do Alegrete que bebeu da tradição e hoje, vivendo na capital, mantém suas raízes e busca dialogar sua regionalidade com o mundo. Que venha 2016! Grande beijo a vocês!

Por Tatiana Feldens, reg. prof. 13.654

Ascom ABHB

Conteúdo publicado originalmente na Revista Pampa Pampiano

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