Com o auditório da Embrapa Pecuária Sul completamente lotado de estudantes, pesquisadores e especialistas do Rio Grande do Sul e fora dele, foi dado início na manhã desta quarta-feira (16) ao 8º Curso Internacional de Melhoramento Genético de Bovinos de Corte do PampaPlus – Programa Oficial de Avaliação Genética das Raças Hereford e Braford da ABHB. Alexandre Varella, Júlio Barcellos e Fernando Lopa, representantes das Entidades organizadoras do evento, Embrapa Pecuária Sul, UFRGS/NESPRO e ABHB, respectivamente, fizeram a saudação inicial às 8h30min, agradecendo e antecipando a qualidade técnica das palestras que viriam a seguir.
“Estou muito feliz com o nível de organização do evento. Verdadeiramente surpreso com o envolvimento e corpo técnico. Este evento não deve nada para ninguém e para nenhum outro lugar”, ressaltou o Dr. Ricardo Vieira Ventura, Zootec., Ph.D. pela Universidade de Guelph, no Canadá. Ele foi o primeiro palestrante do dia e pontuou a incorporação da genômica na avaliação genética de bovinos de corte no Canadá.
Em sua fala, o Professor Adjunto da Universidade de Guelph explanou suas experiências em trabalhos com bovinos no país da América do Norte e na Nova Zelândia, principalmente com a utilização de novas tecnologias e aplicativos para a divulgação, dada sua experiência na área de Bioinformática. Desenvolvedor de ferramentas computacionais para a integração de dados de sequenciamento de nova geração (RNAseq, ChIPseq e fenótipos) para entendimento e caracterização de polimorfismos funcionais associados as mais diversas características ligadas a produção animal, Ventura reforçou a necessidade de o criador compartilhar as informações coletadas.
Sustentabilidade
O Dr. Júlio Barcellos, Médico Veterinário da UFRGS/NESPRO assumiu o palco do Auditório da Embrapa Pecuária Sul na sequência e falou sobre a sustentabilidade na produção de carne bovina, destacando o importante papel dos recursos genéticos nesta cadeia. “É indiscutível que há uma pressão na atualidade sobre os recursos, no nosso caso a terra”, informou o pesquisador, ao conceituar os três pilares da sustentabilidade focados no sistema de produção, ótica da sociedade e recursos ambientais e econômicos.
Atento aos temas da atualidade, trouxe para o debate a reflexão sobre o abate de animal em programa de Rodrigo Hilbert, o que levantou debate sobre origem e consumo de carne. “Os desafios que impõe a reflexão atual são diferenciados e estão calcados na saúde animal, alimentação e bem-estar”, frisou.
Com o intervalo, estudantes de diversas regiões do Estado puderam circular pelas dependências da Embraba e compartilhar experiências, como fizeram as amigas de Caxias do Sul, Milena Paese e Vanessa de Lima, estudantes de Medicina Veterinária na UCS. Elas estavam bastante animadas com o evento.
“Estamos em uma das regiões mais conceituadas do Estado quando o assunto é pecuária de corte e estamos adorando os palestrantes”, informou Milena Paese, aluna do 7º semestre.
Deise Mondodori, gestora do SEBRAE, não é da área, mas conta que veio para o Curso buscar conhecimento. “Preciso compreender a temática, me qualificar para poder compartilhar este conhecimento com os criadores credenciados ao programa de reprodução bovina do SEBRAE”, informou.
Animal x Alimento
Assim como elas, cerca de outras 100 pessoas compareceram hoje ao Curso para acompanhar a terceira temática da manhã sobre a contribuição do melhoramento genético no aumento da produtividade e qualidade da pecuária de corte brasileira. Proferida pelo pesquisador Luiz Otávio Campos da Silva, Zootec., Ph.D., Embrapa Gado de Corte/GENEPLUS, a palestra versou sobre a produção brasileira de carne: sistema extensivo, condições tropicais e parasitas.
Luiz Otávio também fez questão de elogiar a condução do Curso. “Não há diretoria de Associação tão envolvida em melhoramento genético como a da ABHB”, pontuou. “Trata-se de um esforço contínuo não só da geração de uma ferramenta, mas da sua utilização pelos selecionadores para produzir animais adequados”.
Para o pesquisador, o foco da produção hoje não é mais o animal, mas sim o alimento que precisa ser saudável, sustentável e seguro. Ele justifica esta tendência mundial: “a pessoa é urbana, conhece carne e não o animal e por isso busca segurança alimentar e sustentabilidade nesta produção. Portanto, nosso foco deve buscar uma produção justa socialmente, correta ambientalmente, rentável e com procedência”.
Por Tatiana Feldens, reg. Prof. 13.654
Ascom ABHB