Cruzamento ganha força como ferramenta para aumento da rentabilidade na pecuária

matrizes morada da luaMesmo com a atual situação político econômica do País, os resultados apresentados recentemente pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) mostram um crescimento significativo em 2015: uma alta de 4,7% quando comparado com o resultado de 2014, quando foram comercializados 12 milhões de doses de sêmen. Em 2015 foram totalizados 12,6 milhões.

O resultado positivo foi puxado pelo segmento de corte, que absorveu 8.274.084 doses, ante 7.116.605 em 2014, uma evolução de 16,26%. “Este crescimento se deve basicamente à utilização das raças britânicas para a produção de carne de qualidade, visando um mercado diferenciado”, informa Dr. Witis Baes Rodrigues, Inspetor Técnico credenciado pela Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). “Mesmo com o consumo per capta de carne com leve queda, o que poderia afetar a pecuária, o que se viu foi novamente o Agronegócio sustentando a situação econômica do país”, completou.

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Witis Baes Rodrigues, Inspetor Técnico credenciado pela ABHB

Rodrigues utiliza o próprio exemplo para confirmar o cenário positivo. Ao fechar a estação reprodutiva 2015/2016 da REPASSI – Reproduções Assistidas, conta que das 14 mil matrizes inseminadas, 4 mil sendo de Nelore, 6 mil matrizes inseminadas de Angus e 4 mil matrizes inseminadas de Hereford/Braford, um crescimento de 18% quando comparado ao ano anterior, comprovando o interesse dos criadores por um produto diferenciado, com rápido ganho de peso e principalmente qualidade de carcaça.

O Inspetor Técnico também pontua a recente discussão travada no cenário nacional no que se refere ao acabamento de carcaças, sendo motivo de questionamento e penalização por parte de frigoríficos de animais mal-acabados (gordura ausente ou escassa). Segundo Rodrigues, parte dessa culpa pode ser atribuída a alguns produtores e técnicos, por escolherem linhagens que não se adaptam à finalidade a qual serão submetidos os produtos, como o acabamento de bois a pasto, inteiros e super precoces. “O resultado que se tem visto é a não bonificação desses produtos ditos ‘diferenciados’, o que levou a um sinal amarelo de alerta ao cruzamento industrial”, comentou.

Isso por que ao utilizar ferramentas aplicáveis a obtenção de um bom cruzamento, o criador espera que aliado ao investimento feito na produção de uma genética taurina, obtenha a lucratividade que ela tende a oferecer. “A partir do momento que esse retorno financeiro não aparece, começam a surgir incertezas e dúvidas quanto à ferramenta, exatamente como vimos no período de 2003 a 2007, com a queda injusta do cruzamento industrial no Brasil Central, daí a necessidade de trabalharmos com animais que venham a corresponder a expectativa de produção”.

Conceito reiterado pelo pesquisador Dr. Gilberto Menezes*, da Embrapa Gado de Corte – MS, que menciona, em suas apresentações, que para se chegar a orientações que possam ser repassadas com segurança ao criador é necessário, no mínimo, que seja feita uma análise que contemple o sistema de produção a ser adotado, disponibilidade/acesso a insumos (fertilizantes, suplementos alimentares, genética, etc), mercado, qualificação da mão-de-obra disponível, ou seja, uma análise de toda a cadeia de produção.

Todavia, infelizmente, é comum que a decisão pelo uso do cruzamento seja tomada com base em análises superficiais e sem embasamento técnico o que, frequentemente leva ao insucesso, à ineficiência e, principalmente, a uma visão negativa sobre cruzamento.

Preconizando que forma de obter o máximo benefício do cruzamento é conduzi-lo com animais de qualidade genética superior, o que depende de um processo de seleção conduzido com seriedade, seja pelo criador ou por seu fornecedor de touros. Por este motivo, o criador que falha em considerar a avaliação genética para os caracteres produtivos na seleção de reprodutores usados no seu rebanho ou naqueles fornecidos ao mercado, contribui para o menor desempenho dos animais cruzados dos seus clientes, para um menor interesse na sua raça e um menor retorno financeiro e produtivo de seus clientes.

Crescimento e desempenho da genética Hereford/Braford

novilhas nelore cobertas com Braford Recentemente, em março, no Dinapec realizado pela EMBRAPA GADO DE CORTE, em Campo Grande, no stand do novilho precoce, foi apresentado pelo pesquisador Menezes e sua equipe, um trabalho comparando animais oriundos do cruzamento de matrizes nelore com reprodutores Canchim, Caracu e Braford, onde compilaram os primeiros dados de desempenho, sendo medidos os mais diversos dados para vários sistemas de produção, tendo os animais cruzados filhos de touros Braford em vacas Nelore obtido desempenho superior, e significativos, em conversão alimentar em confinamento (necessita menos alimento para produzir 1 kg de carne), ganho de peso em confinamento, melhores escores visuais de carcaça para acabamento, distribuição e cobertura de gordura no traseiro e maior peso a desmama, ou seja, em características de grande importância econômica para o produtor.

Outro trabalho, citado por Rodrigues, que certamente virá a fornecer novos embasamentos e corroborar com o crescimento e desempenho da genética Hereford/Braford no Brasil é o PoloGen Embrapa Bagé, que está sob a coordenação da pesquisadora Dra. Bruna Pena Sollero, em parceria com a EMBRAPA PANTANAL CPAP, na equipe dos Drs. Urbano Abreu e Eriklis Nogueira, núcleo ao qual Rodrigues faz parte.

Ele conta ter inseminado matrizes das Fazendas Santa Vitória, Capão do Mato e Bom Jardim com sêmen oriundo de reprodutores avaliados na Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores Hereford e Braford (PAC). “Estes produtos serão avaliados desde o nascimento, até o sobreano e engorda, onde teremos o perfil do ganho ponderal desses animais nas condições de Brasil Central (Pantanal e Cerrado)”.

parceiros embrapa gado corteNeste cenário, novas perspectivas. A fazenda Morada da Lua, localizada em Coxim, sócia da ABHB, vislumbrou um novo mercado em expansão e que tem dado certo, agregando ganhos à pecuária. Trata-se da compra de bezerras nelore de qualidade, com recria e concepção dessas novilhas com touros Braford, ofertando ao mercado uma matriz com um produto de alta qualidade na barriga. “Uma nova proposta promissora, em especial com a chegada do programa Carne Certificada Braford, onde também este produto receberá bonificação. Isto tudo agregado à produção de Genética, touros Braford para clientes e matrizes para aumento do plantel, onde até o descarte tem muita procura, por ser uma carcaça de qualidade que todo o mercado exigente busca”, finalizou.

A ABHB tem investido fortemente, nos últimos 10 anos, no levantamento de dados de desempenho dos reprodutores e matrizes Hereford e Braford registrados  e seus produtos resultantes de forma a mostrar, através de dados de campo avaliados por instituições de pesquisa, o ganho de produtividade que o uso da genética HB pode oferecer ao produtor em rebanhos comerciais e de cruzamento, nos mais diversos sistemas de produção e aos frigoríficos  com carcaças mais uniformes, bem acabadas e com maior rendimento de cortes nobres.

Ascom ABHB

*Com Jornal Agora MS, 14 de novembro de 2015

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