Jornada Técnica Semeia/select Sires:seleção de Bovinos à Produção de Carne de Qualidade

atraiu técnicos, criadores e demais interessados pela seleção genética

A Jornada Técnica Genética que Produz e Reproduz, realizada pela Semeia Genética/Select Sires, reuniu técnicos, criadores, profissionais do setor e demais interessados pela seleção genética objetiva, avaliação da conformação em bovinos de corte e a produção de carne com qualidade em dois dias de atividades no Rio Grande do Sul. Na quinta-feira (11), o evento reuniu mais de 100 pessoas no Auditório da Farsul, em Porto Alegre, para debater as últimas tendências da genética e de métodos de seleção, além das necessidades do setor quanto à produção de carne diferenciada. Na sexta-feira (12), visita técnica a duas propriedades selecionadoras das raças Aberdeen Angus, Hereford e Braford proporcionou conhecimento da criação e seleção genética com animais melhoradores. Na parte teórica, realizada no dia 11, ambos representantes de associações de raças participantes e promotores do evento, Associação Brasileira de Angus e Associação Brasileira de Hereford e Braford, sinalizaram quanto à importância do produtor estar atento às exigências da indústria e do consumidor. O gerente do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, Fernando Velloso, evidenciou quanto aos resultados encontrados a partir do uso da genética, pois possibilita melhorias na qualidade da carcaça e da carne. ?O que se busca é uma carcaça bem terminada, com boa deposição de gordura e que tenha marmoreio, característica que qualifica a carne, pois contribuem para maciez, suculência e sabor.? Além de apresentar números da raça Aberdeen Angus, no país, e o trabalho que vem sendo desenvolvido pela ABA quanto ao melhoramento genético, Velloso deixou uma mensagem à plateia quanto à geração de demanda que precisa ocorrer para o produto carne: ?Que tipo de genética usar? A que alie equilíbrio entre produção e mercado?, concluiu. O presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford, Fernando Lopa, destacou a busca da ABHB para identificar o papel da raça na pecuária nacional. Lopa frisou o quanto é difícil competir e se diferenciar nos dias de hoje quando ?todos já atuam em marketing, condição sanitária, bem-estar animal, tecnologia de abate e marca própria.? Para o dirigente, que observou o quanto o Brasil está perdendo mercado para o Uruguai e a Argentina, em termos de valores pagos pela carne, e que apresentou projeções de crescimento e metas da ABHB, o investimento em genética aliado a um trabalho técnico se faz além do que necessário, pois ?pior que adotar uma tecnologia é usá-la sem recomendação.?

O professor de Reprodução Bovina na Universidade do Mississipi (EUA), Justin Rhinehart, Ph.D., explicou sobre a Produção de Novilhas de Reposição e Manejo Nutricional da Inseminação Artificial. Justin Rhinehart citou especialmente sobre a importância de se realizar a seleção de novilhas por fenótipo, genótipo e reprodução; a criação de novilhas separadas de vacas adultas; realização do diagnóstico de gestação precoce; controle durante o período de parição e a manutenção da condição corporal após o parto. ?Queremos que a novilha conceba na segunda temporada, pois gastamos muito dinheiro desde que ela nasce até a primeira ciclagem?, observou, finalizando que a genética é a forma de melhorar o produto final.

O Especialista em Genética de Corte da Select Sires, Aaron Arnett, Ph.D., apresentou duas palestras. Na primeira, fez um panorama sobre a carne de qualidade, desde a variação que existe no conceito, dependendo do país de origem, região geográfica, etnias e preferências pessoais, aos fatores genéticos e ambientais que influenciam essa percepção. Aaron Arnett mostrou, entre outros, as considerações básicas do consumidor americano quanto à cor, sabor e maciez da carne, as características que influenciam o marmoreio como raça e tipo biológico, dias em terminação, composição da dieta, sanidade, estresse no período pré-abate e genética, ressaltando os escores de marmoreio analisados para a carne entregue nos Estados Unidos. ?Mais de 60% dos produtores americanos entregam carne no grau Choice, que é o moderado; menos de 40% no padrão Select, que são as carnes que vão para açougues e restaurantes em geral, e, cerca de 2% fornecem no padrão Prime, que é o abundante quanto à escore de marmoreio.? Na sua conclusão Arnett pontuou que a qualidade da carne é definida por muitos fatores genéticos e ambientais e, que, os frigoríficos e os consumidores estão dispostos a pagar por qualidade. Na segunda palestra, Como Avaliar Bovinos de Corte e Realizar Seleção Genética Objetiva, explicou sobre a importância da utilização das DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), já que são ?informações mais eficazes para selecionar e avaliar os animais?.

Na atividade prática, realizada no segundo dia da Jornada Técnica, o Dia de Campo ocorreu na Cabanha S2, em Taquara (RS), e na Fazenda Santa Tereza, em Camaquã (RS). Na Cabanha S2, da Agropecuária HJ S.A., os participantes puderam acompanhar os resultados do manejo e seleção de 160 matrizes Angus PO e 60 reprodutores formados, na sua maioria, com genética do plantel americano Wehrmann Angus (RITO). Na S2, as novilhas são inseminadas entre 12 e 14 meses, no período novembro/dezembro, e trabalham com um média de 120 vacas prenhas/ano. A produção de touros é a pasto e a venda ocorre especialmente a criadores do Rio Grande do Sul. Na Fazenda Santa Tereza, da Sucessão Dário Silva Azambuja, foram verificados lotes de animais Hereford e Braford. Um dos proprietários, Paulo Azambuja, explicou a integração agricultura e pecuária aplicada em uma área de 100% de campo nativo. ?Nosso foco é a viabilidade econômica, vendemos touros aos dois anos em um remate anual e estamos expandindo área para recria das fêmeas?, citou Azambuja que realiza seleção fenotípica e objetiva, através de DEPs, nos animais.

Entre os participantes, presença de técnicos, estudantes e criadores de estados como SC, PR, RS e MT. É o caso de Luiz Alberto Sampaio Mouscher, criador de Brangus em Campo Novo do Parecis (MT). ?Vim buscar conhecimento sobre carne e marmoreio, pois os frigoríficos daquela nossa região querem Brangus ½ sangue Angus. Eles estão procurando carne melhor e remuneram bem esse produtor?, afirmou o gaúcho radicado no Centro-Oeste que investe no cruzamento industrial no Brangus com vacas Nelore.

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