Contrariando o atual cenário político-econômico, de retração nos investimentos e pouco otimista frente aos novos mercados, as raças Hereford e Braford despontam como um futuro ainda mais promissor e com muitos motivos para comemorar. “Estamos vendo um verdadeiro boom no interesse de Hereford e Braford no Brasil Central. O Cruzamento Industrial é uma realidade, haja vista o desempenho superior do uso de touros Hereford com vacas Nelore quanto ao peso da carcaça e idade de abate”, analisa o Inspetor Técnico pela ABHB, Dr. Witis Baes Rodrigues.
As raças cresceram de forma consistente na comercialização de animais e produtos, em especial o sêmen, conforme a sua avaliação. “No Centro Oeste, mesmo atrás das tradicionais raças campeãs de venda, vimos no Hereford e Braford um mercado novo em descoberta. Prova disto é o crescimento da comercialização de sêmen”, informa.
É justamente pelo sistema em que a pecuária de corte é submetida no Centro-Oeste que observa-se uma maior procura da raça Hereford na Inseminação Artificial para cobertura de vacas zebuínas e da raça Braford em Monta Natural para repasse de inseminação ou na inseminação de matrizes cruzadas. Conforme o técnico pela ABHB, as cruzas das duas raças atendem às expectativas daquele que opta por produzir um animal mestiço.
Divulgação, genética de qualidade e bonificação
Este trabalho de ampliação das raças iniciado em meados de 2008 se divide em quatro etapas ou momentos bastante distintos, conforme Rodrigues, que tem viajado o Brasil acompanhando a adaptação das raças taurinas. O primeiro deles diz respeito à divulgação dos animais, um trabalho muito bem planejado e realizado até o momento pela Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), através da participação institucional e representativa em importantes eventos da pecuária de corte do País, com mostra de animais, palestras, workshops, leilões e exposições.
A ampliação da genética HB, seja através da utilização de touros Braford para Monta Natural ou a utilização de sêmen Hereford em vacas Nelore para Cruzamento Industrial, pode ser apontada como segundo ponto preponderante deste crescimento. “Abriu-se um leque muito importante e isto pode ser visualizado através dos leilões realizados fora do Rio Grande do Sul”.
Ele enumera uma série de remates, como o Genética Pitangueira, em Rondonópolis; Agropecuária Prata, em Presidente Prudente; Fazenda Sucupira-Braford Tropical, no Distrito Federal; Fazendas São Bento e Carcávio – Braford do Centro Oeste, em Campo Grande; e Fazenda Nova, em Araçatuba. “Todos com pista limpa e média acima dos 11 mil reais”, lembra o Inspetor Técnico.
Contudo, isso ainda é muito pouco para tamanho interesse que as raças, em especial a Braford, despertaram nos criadores do Centro Oeste. Muitos pecuaristas vieram pessoalmente ao Rio Grande do Sul nesta temporada de primavera para adquirir seus reprodutores. Outros, à distância, escolheram exemplares através das transmissões televisivas.
“Neste trabalho de ampliação da genética Braford, destaco ainda um trabalho de formiguinha, mas muito consistente, de dois criadores que classifico como os embaixadores do Hereford e Braford no Brasil Central, Celso Jaloto e Mike Barbará, que colocaram a mochila nas costas e estão fazendo um espetacular trabalho de marketing, abertura de mercado e novas parcerias em localidades até então desconhecidas ou pouco exploradas”, pontuou Rodrigues.
Concretização das raças no Centro Oeste
Um giro rápido pelos principais criatórios do Centro Oeste e é possível perceber animais bem adaptados e respondendo a todas as expectativas que os criadores buscam: um animal precoce, produtivo e rústico, produzindo carne de qualidade em um ciclo curto de produção.
Neste cenário de satisfação, despontam localidades como a Centro América Agricultura e Pecuária, em Gaúcha do Norte; Lagoa Encantada, em Primavera do Leste; Fazenda Engano, em Porto Murtinho; Fazenda Sucupira, no Distrito Federal; Fazenda Morada da Lua, em Coxim e Genética La Aurora, em Campos de Julio. “Todos plenamente adaptados e utilizando a genética HB em seus criatórios”.
Esta nova visão de mercado da ABHB para o Centro Oeste foi possível mediante o trabalho de campo realizado pelos Inpetores Técnicos credenciados pela ABHB, onde além de buscarem o padrão racial ideal, direcionam uma especial atenção aos pontos de adaptação (pigmentação, pelagem, cascos, etc) dos reprodutores que sobem do Sul todo o ano para o Centro Oeste. “Temos visto animais adaptados, que ao chegar no Centro Oeste, com temperatura de 35 a 36 C em um sol escaldante, seguem trabalhando normalmente”.
Produção de carne é nossa aptidão
Por fim, mas não menos importante, novos projetos de fomento, o quarto motivo apontado por Rodrigues para este boom de caras brancas no Brasil Central. Estamos falando de uma nova proposta de remuneração, oriunda da bonificação dos produtos diferenciados de cruzas Hereford ou Braford. “De nada adianta você produzir um boi diferente, precoce, com acabamento, marmoreio, padronizado, se não tiver um mercado distinto para colocar esse produto. Por muitos anos ‘apanhamos’ nesse quesito, não tínhamos onde colocar a produção, o que fez muitos simpatizantes da raça, migrarem para outros programas, já instalados nas principais plantas frigoríficas do país”, explicou.
Com a ampliação do Programa Carne Pampa para o Centro Oeste, vide parceria firmada entre a ABHB e o Frigorífico Marfrig em cinco plantas localizadas na região: Promissão (SP), Mineiros (GO), Bataguassu (MG), Tangará (MT) e Paranatinga (MT), num futuro próximo novas parcerias poderão também remunerar os Programas, tanto Hereford como Braford. “É uma questão de tempo, sabemos da dificuldade da implantação de um programa dessa proporção, mas também sabemos do empenho da diretoria da ABHB para a concretização desse programa em nível nacional”, finalizou.
Por Tatiana Feldens, reg. prof. 13.654
Ascom ABHB